Como Interpretar Indicações em Ensaios por Partículas Magnéticas: Guia para Inspetores

A interpretação das indicações obtidas durante um ensaio por partículas magnéticas é um dos pontos mais críticos do processo, especialmente quando se trata de peças de alta responsabilidade. Saber diferenciar entre uma indicação relevante (um defeito real) e uma indicação irrelevante (causada por geometria, sobreposição de campos ou contaminação) é o que garante a confiabilidade da avaliação e evita rejeições desnecessárias ou falhas em serviço.

A norma ASTM E1444, assim como a ISO 9934-1, traz orientações para a identificação e classificação das indicações. De acordo com essas normas, uma indicação relevante é aquela que possui extensão, forma e contraste suficientes para levantar dúvidas sobre a integridade da peça. Já as indicações irrelevantes normalmente aparecem em locais previsíveis como furos, rebaixos ou zonas de concentração de campo magnético.

Além disso, é preciso considerar:

  1. Tipo de corrente utilizada (contínua ou alternada);
  2. A direção do campo aplicado;
  3. A presença de campos residuais. Inspetores devem estar atentos a padrões típicos de falhas, como trincas paralelas ao cordão de solda, laminados, inclusões não metálicas ou fadiga por esforço repetitivo.

Fotografias de referência, blocos de comparação e relatórios anteriores podem ser usados para auxiliar na decisão.

Outro fator importante é a documentação: todas as indicações relevantes devem ser registradas com descrição do local, tipo de defeito e, se possível, imagem. A rastreabilidade é exigida pelas normas de qualidade como ISO 9001 e ASME.

Por fim, a qualificação do inspetor conforme a ISO 9712 é indispensável para que ele tenha domínio técnico, senso crítico e habilidade prática para avaliar corretamente os resultados do ensaio.

A correta interpretação das indicações não é apenas uma etapa do processo de PM, é a ponte entre o ensaio técnico e a decisão de continuidade ou reparo de um componente. Dominar essa etapa reduz riscos operacionais, fortalece a segurança do ativo e gera economia para a indústria.